sábado, 2 de junho de 2012

PROJOVEM NA FUNDAÇÃO IBERÊ CAMARGO

VISITA AO MUSEU IBERÊ CAMARGO - HÍPICA OTTO CASINHA

Artista de rigor e sensibilidade únicos, Iberê Camargo é um dos grandes nomes da arte brasileira do século 20. Autor de uma obra extensa, que inclui pinturas, desenhos, guaches e gravuras, Iberê Camargo nasceu em Restinga Seca, interior do Rio Grande do Sul, Brasil, em 1914. 

Começou a pintar em 1936, quando se mudou para Porto Alegre e conheceu Maria Coussirat Camargo, que três anos depois se tornaria sua esposa. Em 1942, ano de sua primeira exposição, o casal mudou-se para o Rio de Janeiro, onde viveu por 40 anos. Entre 1948 e 1950, Iberê viveu na Europa e estudou com De Chirico, Petrucci, Lhote, Leoni Augusto Rosa e Antonio Achille.

Iberê nunca se filiou a correntes ou movimentos, mas exerceu forte liderança no meio artístico e intelectual brasileiro. Dentre as diferentes facetas de sua vasta produção em desenho, gravura e pintura, o artista desenvolveu as conhecidas séries Carretéis, Ciclistas e As Idiotas, que marcaram sua trajetória.

Iberê Camargo faleceu em agosto de 1994, aos 79 anos, deixando um grande acervo de mais de 7 mil obras. Grande parte desta produção foi deixada a Maria, sua esposa e companheira inseparável, cuja coleção compõe hoje o Acervo da Fundação Iberê Camargo.


Conjuro do mundo: as figuras-cesuras de Iberê Camargo



No dia 5 de novembro, tem abertura a nova exposição do Acervo da Fundação Iberê Camargo, intitulada Conjuro do mundo – As figuras-cesuras de Iberê Camargo. Com curadoria de Adolfo Najas, crítico de arte e curador espanhol radicado há anos no Brasil, a mostra destaca o último período do artista, dos anos 1980 até sua morte, em 1994, dando especial atenção para os trabalhos de desenho e técnica mista.
Muitas das obras escolhidas por Montejo foram pouco vistas até hoje, e configuram um espaço por vezes surpreendente da produção do artista – nelas, Iberê misturava matérias-primas como guache, grafite, nanquin, lápis stabilotone, pastel seco, pastel oleoso, crayon e até caneta esferográfica, tudo em um mesmo desenho. “Estas obras oferecem uma liberdade estética, um imaginário artístico maior e mais heteróclito do que nas pinturas, sempre muito mais pensadas e demoradas”, argumenta o curador. “Elas têm autonomia estética e apresentam certas liberdades (estruturais e cromáticas), e até um approach mais heterodoxo, que as aproxima, surpreendentemente, de obras de outras gerações mais novas. A quase leveza que respiram estes desenhos contrasta com o desassossego das grandes telas. Este é um ponto nuclear e operativo de minha leitura da obra de Iberê Camargo”, explica.
Também farão parte da mostra charges feitas para a imprensa, nas quais o artista usava o pseudônimo de Maqui, além de cartas pessoais e da recuperação dos Escritos italianos, textos elaborados no período em que viveu na Itália, mas que estavam inéditos até agora.
Conjuro do mundo: as figuras-cesuras de Iberê Camargo

Leonilson - Sob o peso dos meus amores


No dia 15 de março, a Fundação Iberê Camargo inaugurou a sua primeira exposição temporária de 2012. Dedicada a Leonilson, um dos grandes nomes da arte contemporânea brasileira, Sob o peso dos meus amores reúne mais de 350 obras, dando ao espectador um amplo panorama da produção do artista cearense. A seleção abrange desde o início da carreira, na década de 1970, até o período final de produção, no início dos anos 1990. A exposição tem curadoria de Ricardo Resende, diretor geral do Centro Cultural São Paulo e consultor do Projeto Leonilson, e Bitu Cassundé, crítico de arte e curador. 







O fato de descobrir que era portador do vírus HIV também teve forte influência nos últimos anos de produção de Leonilson, conferindo mais importância do que nunca às questões autobiográficas em suas obras. A simplicidade, que lembra um suposto silêncio, faz parte deste período, marcado também pelo uso do desenho e do bordado. Aqui o artista despiu-se, revelando a fragilidade do corpo e compartilhando com o espectador sua experiência, seu sentimento mais intrínseco. Nas mais de 300 obras de Sob o peso dos meus amores percebem-se as preocupações e os desejos do artista como representação dos dilemas do homem contemporâneo. 










POST. ALINE FERRAZ

Entre os destaques da exposição estarão as agendas e os cadernos que mostram um pouco mais sobre o processo artístico de Leonilson, além de revelar a fixação que ele tinha pelo registro do desenvolvimento das suas idéias. Fazem parte de Sob o peso dos meus amores as ilustrações que o artista realizou para uma coluna do jornal Folha de São Paulo, entre 1991 e 1993. Também estarão reunidos trabalhos de amigos artistas como Leda Catunda, Sérgio Romagnolo, Daniel Senise, Luiz Zerbini e Albert Hien. Foi com este último que Leonilson estabeleceu uma parceria e amizade duradoura, que seguiria até o fim da vida. A instalação How to rebuild at least one eighth part of the world [Como reconstruir ao menos uma oitava parte do mundo], de 1986, que abre a exposição na Fundação Iberê Camargo, foi realizada com a parceria de Hien. A obra foi fruto do questionamento sobre o acidente nuclear de Chernobyl, materializando na instalação uma utopia de salvação do planeta.

Através da mistura entre a delicadeza e o vigor, a obra de Leonilson é marcada pela relação com a vida, seja de maneira intensa e clara, seja em pequenos detalhes inspirados em memórias. Sua produção inicial, por exemplo, revela traços leves e descontraídos, cujo simbolismo remete à experiência da infância, do lúdico. Em sua obra, de maneira geral, a vida ocupou o papel de personagem principal. 

Nascido em Fortaleza, em 1957, José Leonilson Bezerra Dias mudou-se para São Paulo com a família ainda criança. Aos 20 anos, ingressou na Licenciatura em Educação Artística, na Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP), tornando-se aluno de artistas como Nelson Leirner, Júlio Plaza e Regina Silveira. Em 1980, ele realizou sua primeira exposição individual, no Museu de Arte Moderna da Bahia, e desde então produziu intensamente até o ano de seu falecimento, em 1993. Suas obras estiveram presentes em exposições pelo Brasil e pelo mundo, hoje fazendo parte de importantes acervos, entre eles o da Fundación Cisneros, Museo de Arte Contemporáneo de Barcelona (Macba), Deutsche Bank Collection, Los Angeles County Museum (Lacma), Instituto Inhotim, Itaú Cultural, Instituto Moreira Salles, Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM/SP), Museu de Arte do Rio Grande do Sul Ado Malagoli (Margs), entre outros. 






















Post. Mariana Fierro Verri

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